A cerimônia do Oscar está chegando e o fenômeno Ainda Estou Aqui tem pautado discussões importantes nas redes sociais. Entre 1º de junho de 2024 e 14 de fevereiro de 2025, 60% de todos os debates no Instagram sobre ditadura militar fizeram alguma referência ao filme finalista em três categorias do prêmio mais importante da indústria cinematográfica. A rede social foi a principal escolha dos usuários na hora de usar o filme em postagens sobre seu pano de fundo político. O levantamento feito pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados coletou informações do Instagram, Facebook, TikTok, X e YouTube.Depois do Instagram, o TikTok é a rede social que mais faz referência à obra na hora de falar sobre ditadura: 58% das 100 publicações mais curtidas sobre o tema nos últimos seis meses abordaram Ainda Estou Aqui. Juntas, as postagens somaram mais de 14 milhões de interações entre curtidas, compartilhamentos, comentários e publicações salvas. No Facebook, foram 32% das conversas sobre o regime autoritário brasileiro que fizeram referência ao filme. O percentual cai para 9% no X e 7,3% no YouTube.
“O TikTok e o Instagram, redes sociais muito utilizadas pelo público jovem, são as que mais estão usando o sucesso do filme Ainda Estou Aqui para resgatar a memória do período da ditadura no Brasil. Uma época que muitos deles não viveram, mas viram retratada no filme de Walter Salles”, diz Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.
Quando levado em conta os dados agregados das cinco redes sociais analisadas, um quarto (23%) das conversas coletadas sobre a ditadura no país usou o filme de Walter Salles em debates desde junho de 2024.
Instagram e Facebook
No Instagram e no Facebook, as narrativas estabelecidas entre os diferentes publicadores formaram agrupamentos chamados de clusters, onde temas comuns permanecem próximos. Os quatro clusters identificados nas duas redes foram Fernanda, Ditadura, Paiva e Cinema. Ditadura e Paiva, os dois agrupamentos que fazem conexão entre o universo do regime autoritário brasileiro e o filme, são os principais clusters no Facebook. No Instagram, eles ficam atrás apenas das narrativas focadas na atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, e lidera os discursos focados no filme e nas premiações.
O agrupamento Ditadura é formado por histórias e depoimentos do período ditatorial no Brasil, resgatados depois do boom de Ainda Estou Aqui. O interesse pelos personagens da ditadura e que envolvem o universo dos personagens do filme fez com o Instagram fomentasse debates em torno da remuneração recebida pelo general José Antônio Nogueira Belham, acusado de ser um dos militares responsáveis pela morte de Rubens Paiva. Nessa mesma linha, a recriação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos pelo presidente Lula, em julho de 2024, também acendeu discussões no Facebook.
Já o cluster Paiva trata do universo da família Rubens Paiva, protagonista do filme. Dentro dessa temática, usuários do Instagram e Facebook engajaram em discussões sobre o andamento dos processos que envolvem a morte de Rubens Paiva na Justiça brasileira. A criação do Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia, no dia 8 de janeiro, também gerou discussões entre os publicadores.
TikTok
Parte da trilha sonora de Ainda Estou Aqui, as músicas “É preciso dar um jeito, meu amigo”, de Erasmo Carlos, e “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos, marcaram presença em vídeos do TikTok durante o período analisado. Ao todo, 30% dos posts coletados na rede usaram o sucesso de Erasmo e 10% tiveram como trilha sonora a música de Roberto Carlos. Já 19% dos vídeos usaram a hashtag #DitaduraNuncaMais.
A suposta ligação entre parentes de influenciadoras e a cúpula da ditadura também ganhou a atenção dos usuários da rede social. Além disso, uma série de vídeos sobre as principais curiosidades da história de Rubens Paiva compõe os posts mais engajados do TikTok.
X e YouTube
O X e o YouTube foram as redes sociais com menor percentual de posts conectando a ditadura militar com o filme Ainda Estou Aqui. Na rede de Elon Musk, o destaque é para o posicionamento, ou falta dele, de políticos e figuras públicas diante da repercussão do filme de Walter Salles. O sucesso do longa fez ainda com que usuários resgatassem momentos emblemáticos da política brasileira como a cuspida do ex-presidente Jair Bolsonaro no busto de Rubens Paiva.
Já no YouTube, o trailer oficial do filme superou mais de 40 mil curtidas. Além disso, Canais especializados em filmes e na história do Brasil trouxeram análises da obra, destrinchando outras facetas da história da família Paiva e da ditadura. Trechos de entrevistas da atriz Fernanda Torres sobre o regime militar também tiveram alto engajamento.
Performance nas redes
Protagonista do longa, Fernanda Torres ganhou 2,12 milhões de novos seguidores no Instagram somente em janeiro, mês em que conquistou o Globo de Ouro e foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Oscar. Até o dia 18/02, data final dessa análise, a atriz tinha 4,4 milhões de seguidores no Instagram, sendo que 54% deles chegaram só em 2025: foram 2,36 milhões de novos seguidores este ano. De junho de 2024 até fevereiro deste ano, o número de seguidores de Torres no Instagram cresceu 535%.
Já no TikTok o perfil da atriz é recente, com primeira publicação em julho de 2024. Até o dia 18/02 Fernanda Torres tinha 382 mil seguidores, 43% deles (163 mil) conquistados somente em janeiro deste ano.
Apesar de ser a atriz de Ainda Estou Aqui com maior ganho percentual de seguidores no Instagram em 2025, Selton Mello é o ator do longa mais seguido na rede, com 5,1 milhões de seguidores. Em janeiro e fevereiro, esse número cresceu 13%. A atriz Pri Helena e o ator Guilherme Silveira cresceram 46% e 41% respectivamente no período.
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