Entre os dias 3 e 8 de outubro de 2023, o Teatro Goiânia será palco da 22ª edição da Goiânia Mostra Curtas, que acontece em formato totalmente presencial em 2023. A importante celebração cinematográfica traz em sua programação, a Curta Mostra Especial (https://goianiamostracurtas.com.br/22/public/pagina/curta-mostra-especial ), com o tema ‘De Lugar Nenhum’ , sob curadoria dos pesquisadores e programadores de cinema Lorenna Rocha e Luís Fernando Moura, em dois programas diferentes.
Ambos os programas contarão com cinco filmes cada um, proporcionando uma imersão completa no universo do cinema brasileiro. No primeiro, intitulado "À Sala", que será exibido no dia 7 de outubro, às 14 horas, o foco estará no léxico do cinema, explorando o objeto, o cenário e os repertórios cinematográficos. Já no segundo programa, chamado "À Rua", que acontecerá no dia 8 de outubro, às 15 horas, o cinema se lança para fora, em busca de decifrar paisagens conceituais e topográficas.
Além das exibições, a Mostra Especial ‘De Lugar Nenhum’ também contará com debates e discussões sobre os dez curtas-metragens brasileiros, produzidos entre 1968 e 2022. “Assimilar, desmontar, olhar de novo. Refazendo perguntas para o filme feito no Brasil e para o cinema brasileiro”, convida os espectadores a refletir sobre o que está cristalizado na percepção geral do cinema nacional. A proposta é proporcionar uma experiência única, com orientações de leitura que transitam entre os diferentes tempos e narrativas.
Sobre a Curta Mostra Especial e programas
Os dois programas da mostra De Lugar Nenhum se organizam em vocabulários distintos, ainda que circundem uma dualidade geral entre reconhecimento e desidentificação. No horizonte do conjunto, está a busca de uma orientação de "cinema brasileiro", enquanto a passagem entre um filme e outro, e entre um programa e outro, investe em um corte contra a síntese – que, por outro lado, expande uma cartografia de rimas, ressonâncias, derivações, intuições formais e culturais.
No primeiro programa, À Sala, seguimos por uma espécie de trajetória centrípeta para a qual ganha centralidade o léxico do cinema, como objeto, cenário ou exposição de repertórios. Já no segundo, À Rua, algo como uma propulsão para fora leva o cinema para paisagens alhures, sejam conceituais ou topográficas.
É uma primeira pista, algo falsa: dos sabores do humor à melancolia, da narração à deriva, da exposição à oclusão de intenções, há entre os filmes uma jogo de posições no qual negativos e positivos se sobrepõem; cinemas com localizações provisórias, enevoadas por seus duplos contrários, como se fosse o amor dos filmes mesmos pela variação o seu propósito como fenômeno material.
Alguns temas ou motivos cruzam, como eixos de discussão fílmica, essa divagação coletiva por um sentido: o trabalho e o trabalho com cinema, para além de O trabalho enobrece o homem (Lincoln Péricles, 2013) e A Terra segue azul quando saio do trabalho (Sergio Silva, 2021). Visões várias da cultura nacional, de Anatomia do espectador (Ana Carolina, 1975) a A lenda do galeto vegano (Sosha, Amandla Veludo, 2016). As filmagens em território aparentemente estrangeiro, como em Allegro ma non troppo (Everlane Moraes, 2016). A farsa. A meditação. Retratos. Deslocamentos e ímpetos de fuga, não apenas em Um clássico, dois em casa, nenhum jogo fora (Djalma Limongi Batista, 1968).
Será notório o cotejo entre filmes de distintos contextos, mas também captados e guardados em variadas janelas, de diferentes fontes analógicas, eletrônicas ou digitais, e carreiras: em festivais, YouTube ou gavetas pessoais. Reunimos as melhores cópias disponíveis para a projeção digital de cada um, expondo também a heterogeneidade dos arquivos brasileiros. Vale destacar duas restaurações – RESGATE CULTURAL, o filme (Telephone Colorido, Pajé Limpeza, 2001) e Abá (Raquel Gerber, Cristina Amaral, 1992) –, além de filme muito recente, que agora faz seu primeiro circuito em festivais – Vexations (Leonardo Mouramateus, 2022) – e, em especial, a primeira exibição em público de Brainstorm – chuva na vidraça da mente (Odilon Lopez, 2001), 22 anos depois de sua realização.
“A mostra temática é uma oportunidade de viver uma experiência que expressa sentimentos e contextos, através de programas conceituais cuidadosamente pensados para a realidade que vivemos no cinema”, pontua Maria Abdalla, diretora da Goiânia Mostra Curtas.
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