Neste final de semana, Bia Figueiredo tornou-se a primeira mulher a
conquistar uma vitória na Copa Truck, categoria brasileira de
caminhões preparados para corridas. Território majoritariamente
masculino, o triunfo rompe uma sequência de 27 anos com homens na
liderança. E a quebra de padrões vai além: Rachel Loh, chefe da
equipe ASG Mercedes-Benz e engenheira da Bia, também se consagra
como a primeira mulher chefe e engenheira da Copa Truck a subir no
lugar mais alto do pódio.
E esse feito é
histórico. “Não é uma vitória minha e da Rachel. É uma
conquista de todas as mulheres que ocupam profissões e têm cargos
que as pessoas gostam de rotular como se fosse um lugar só deles.
Essa é uma conquista de uma piloto e de uma engenheira, e também
das mulheres que estão nos volantes, nas estradas, trabalhando nas
montadoras, na logística e em tantas outras profissões. Quando uma
mulher rompe uma barreira, todas as mulheres rompem também”, diz
Bia, emocionada.
A competição de
caminhões preparados para corridas teve sua largada inicial em 2006,
ainda com o nome de Fórmula Truck e, desde então, nunca uma mulher
havia subido ao lugar mais alto do pódio. Porém, vale lembrar que a
piloto Debora Rodrigues é a pioneira da categoria, conquistou vários
pódios e, por causa dela, muitos paradigmas sobre mulheres nas
pistas foram rompidos.
“O
automobilismo é um dos únicos esportes em que mulheres e homens, e
pessoas de diferentes idades, competem em igualdade. E isso nos faz
refletir sobre o que é igualdade. Nas pistas, somo apenas duas, com
mais de 30 homens no grid. A Raquel é a única chefe e engenheira da
categoria”, analisa a piloto, que acumula também o cargo de
representante da América do Sul na Comissão de Mulheres da FIA, e
que tem trabalhado fortemente por mais mulheres no automobilismo.
Bia destaca, ainda,
que a conquista acontece dentro das pistas, mas que fora delas ainda
temos uma longa jornada, já que a diferença de remuneração entre
homens e mulheres voltou a subir no país e atingiu 22%, segundo
dados do IBGE. Isso mostra que uma brasileira recebe, em média, 78%
do que ganha um homem. Quando olhamos para cargos de liderança das
empresas no mundo todo, temos apenas 37% de mulheres, uma diferença
ainda significativa.
“Por isso, volto a
afirmar que esse segue sendo um tema atual, e que precisamos falar
dele. Dizer que cada conquista de uma mulher, é uma conquista de
todas as outras. Eu sei que essa é um fato histórico, merecido e
que será muito celebrado. Estou feliz, orgulhosa pelo trabalho
realizado, e agradecida por tanto apoio”, explica a piloto do
Mercedes-Benz #111 da ASG Motorsport.
Vitória
também de uma mãe!
O
primeiro lugar no final de semana celebrou outra conquista inédita:
nunca uma mãe havia subido no pódio de uma categoria de elite do
automobilismo nacional. Bia é mãe de dois meninos – Murillo Luz,
de 3 anos, e Matteo Luz, de 1 ano e 8 meses - e essa foi a primeira
conquista dela após a maternidade. “Todo mundo me pergunta se
depois de ser mãe eu fiquei insegura em pilotar um caminhão de 4
toneladas, ou de acelerar a mais de 200 km por hora. A resposta vem
agora: não. A maternidade me trouxe muita coragem, e hoje faço isso
pela Bia mulher, e por todas as mães”, celebra
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