Quebrando Tabu: Estudo revela desempenho de atletas trans em vôlei

Visibilidade trans (F: Freepik) Com o objetivo de responder se as mulheres transgênero (que se identificam com o gênero oposto ao atribuído ao nascer) submetidas ao esforço físico teriam as mesmas capacidades desportivas que as mulheres cisgênero (que se identificam com o gênero atribuído ao nascer), um grupo de pesquisadores do Centro Universitário São Camilo realizou uma pesquisa inédita no mundo com atletas amadoras de vôlei e revelou importantes aspectos físicos, nutricionais, psicológicos e de performance. Realizado por Leonardo Alvares, professor da Faculdade de Medicina do Centro Universitário São Camilo, e integrado por professores de Nutrição, Psicologia, Fisioterapia e Biomedicina da mesma instituição, o estudo busca compreender se as mulheres trans, nascidas biologicamente homens, apresentam alguma vantagem esportiva em comparação com as mulheres cisgênero. O enfoque específico recai sobre atletas de vôlei, tornando-se o primeiro estudo global a abordar diversas facetas da p...

Estados Unidos homenageia a brasileira Pureza Lopes Loyola por suas ações de combate ao trabalho escravo contemporâneo no Brasil


Aos 80 anos, Pureza Lopes Loyola é a única brasileira a receber o prêmio ‘Heróis no Combate ao Tráfico de Pessoas’, desde a sua criação, em 2004. A homenagem concedida pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ocorreu ontem (15), em Washington, D.C.  Essa premiação consagra Dona Pureza por seus esforços no combate aos trabalhos em condições análogas à escravidão no Brasil, um feito inédito para uma mulher nordestina, preta, pobre e que se alfabetizou somente aos 40 anos, com o objetivo de ler a Bíblia.

Sua história ficou conhecida após o lançamento nacional do filme ‘Pureza’, do diretor Renato Barbieri, em 2022. Inspirado na luta de uma mãe brasileira que, durante três anos, desafiou fazendeiros e jagunços para resgatar seu filho da escravidão contemporânea na Amazônia brasileira. Vencedor de 30 prêmios nacionais e internacionais, o longa “Pureza”, protagonizado por Dira Paes e grande elenco, conta ainda com a produção de Marcus Ligocki Jr.

Para assistir a cerimônia acesse o link. O trecho da premiação de Pureza Loyola está entre o tempo de 1:05'23 a 1:06'46. 

Em celebração a essa premiação, o filme ‘Pureza’ será exibido na TV Globo na próxima segunda-feira, dia 19, às 22h, no Tela Quente, coincidentemente a data do retorno de Dona Pureza ao Brasil já laureada.

Assista ao trailler:


“Essa premiação do Tip Hero, conferido à Dona Pureza Lopes Loyola pela Secretaria de Estado dos Estados Unidos, é de relevância histórica, pois trata-se da única pessoa no Brasil a receber as duas maiores condecorações abolicionistas que conhecemos: o Tip Hero, em Washington, em 2023, e o Anti-Slavery Award, conferido pela Anti Slavery International, em Londres, em 1997. É a coroação da luta incansável dessa nossa heroína cabocla em favor dos direitos à Vida, vivida de forma impactante por Dira Paes no filme Pureza, como também fortalece sobremaneira a luta abolicionista no Brasil em todos os campos.”, comenta o cineasta Renato Barbieri.

Trinta anos de ativismo

Em 2023, a trajetória de Dona Pureza completa 30 anos. Seu empenho em coletar provas sobre trabalhadores em situação análoga à escravidão na Amazônia deu impulso decisivo à criação, em 1995, do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que uniu auditores-fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho para viabilizar o cumprimento da lei e a observância de direitos trabalhistas em todo o território nacional.

Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 62 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em 2018, segundo estimativas da Walk Free Foundation, 369 mil pessoas foram submetidas à escravidão no Brasil. No mesmo ano, segundo a OIT, 40,3 milhões de pessoas foram submetidas à escravidão em todo o mundo. No ano passado, a estimativa da OIT para escravizados no mundo subiu para 50 milhões.

Dona Pureza

“Os olhos do mundo iriam vê-la “, essa foi a frase ou profecia que Pureza Lopes Loyola ouviu de seu pastor uma semana antes de receber a ligação do diretor Renato Barbieri, com a notícia de que gostaria de filmar sua história de luta contra a escravidão moderna, no ano de 2007. Ali ela decifrou a mensagem: “os olhos do mundo é o cinema”. O filme Pureza já foi exibido, até o presente momento, em 20 países.

Dezesseis anos após esse telefonema, Pureza recebeu das mãos do governo americano a mais alta honraria que uma ativista pelos Direitos Humanos pode receber, além de ter sua história de vida aplaudida em todas as esferas de poder no Brasil e outros países.

Pureza Lopes Loyola nasceu em Presidente Juscelino, município a 85 km de São Luís, e se mudou para Bacabal, a 240 km da capital, onde o marido tinha parentes. Com o fim do casamento, a sobrevivência passou a depender da olaria familiar e da venda de tijolos na qual trabalhava com seus cinco filhos. 

Em 1993, depois de meses sem notícias do filho caçula, Antônio Abel, que partiu para a Amazônia em busca da sorte no garimpo, Pureza decidiu seguir seu rastro. Com a roupa do corpo e munida de uma bolsa, sua Bíblia e uma foto de Abel, Pureza estava decidida a encontrá-lo vivo ou morto. Sabia apenas que ele tinha ido ao Pará. 

Em sua busca determinada por Abel, Pureza visitou grandes fazendas e descobriu um perverso sistema de aliciamento e escravidão de trabalhadores “contratados” para derrubar grandes extensões de mata nativa a fim de converter a área em pastagem para o gado. De fazenda em fazenda, Pureza conheceu de perto o drama dos peões, tornando-se amiga e confidente dos trabalhadores. Conheceu por dentro o sistema pelo qual os empregadores confiscavam documentos de identidade dos empregados e tornavam-nos totalmente dependentes dos encarregados para obter ferramentas de trabalho, víveres e produtos básicos. Ouviu relatos dramáticos de trabalhadores que poderiam ser mortos se tentassem se rebelar ou fugir. 

Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra – a CPT, Pureza entrou em contato com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Chegou a escrever cartas para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco (o único que lhe respondeu) e Fernando Henrique Cardoso. Até hoje, ela guarda uma cópia de cada uma dessas cartas. 

Hoje, Abel vive em Bacabal com Pureza e a família. A política de combate ao trabalho escravo no Brasil se tornou referência mundial.

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