Lançado pela Embrapa Cerrados (DF) no último dia 27 durante a feira de tecnologias AgroBrasília 2023, o livro Pitaya: 200 formas de utilização em receitas doces e salgadas mostra que, além do consumo in natura, é possível fazer o aproveitamento total da pitaya, do caule (cladódios) aos frutos (polpa, casca e sementes). A publicação, que pode ser baixada gratuitamente, apresenta receitas práticas, fáceis e rápidas de doces, pratos salgados, sucos, bebidas, saladas, além de uma seção especial com opções veganas.Conhecida mundialmente como ‘fruta-do-dragão’, a pitaya é considerada no Brasil uma fruta exótica por ser ainda pouco conhecida. Fruta exuberante e rica em vitaminas, sais minerais e fibras, é comercializada com alto valor, principalmente no mercado de frutas especiais, além de ser uma ótima opção de ingrediente para diferentes receitas doces e salgadas.
O livro traz receitas elaboradas com as cinco primeiras cultivares de pitayas registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), também lançadas pela Embrapa na AgroBrasília no dia 24 de maio – BRS Luz do Cerrado e BRS Lua do Cerrado (pitayas vermelhas de polpa branca); BRS Granada do Cerrado (pitaya vermelha de polpa roxa); BRS Minipitaya do Cerrado (pitaya vermelha de polpa branca) e BRS Âmbar do Cerrado (pitaya amarela de polpa branca e sabor bem adocicado).
Fábio Faleiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, explica que o cultivo comercial da pitaya é muito recente no País, iniciado há cerca de duas décadas. “A demanda tem crescido ao longo do tempo e vários consumidores estão conhecendo essa fruta, principalmente devido às suas características nutricionais e funcionais. É uma fruta rica em fibra, com efeitos positivos na regulação do sistema digestivo, no controle da glicose e do colesterol ruim”.
Diversidade de opções de uso
Primeira editora do livro, a bolsista Jamile Oliveira conta que começou a conceber a publicação em 2014, ano em que ingressou na Embrapa Cerrados para trabalhar com maracujá e foi convidada a também apoiar as pesquisas com pitaya, fruta que lhe chamou a atenção pela beleza e pelo sabor.
“É um fruto muito versátil e bonito, mas muitas pessoas ainda não sabem como utilizá-lo, a não ser no consumo in natura. Ao fazermos os descritores da pitaya para registro no Mapa, sobrava muito material. Começamos a pensar em como fazer, após as análises físico-químicas no laboratório, o aproveitamento da polpa, da casca e de tudo o que sobrava. Com isso, as primeiras receitas foram surgindo. Primeiro, as mais fáceis e rápidas como os sucos, depois fomos elaborando mais. Outras pessoas foram chegando e participando com ideias”, recorda, acrescentando que ela e os colegas também elaboravam arranjos e cestas de Natal com os frutos e algumas receitas.
“A culinária está ligada à criatividade e à beleza”, observa Jamile, que com apenas seis anos de idade criou uma receita de geleia de acerola. Mais tarde, ela usou esse conhecimento nas receitas de geleias de pitaya, elaboradas após as dos sucos.
Além das geleias, que podem ser armazenadas na geladeira por cerca de um mês, o livro também traz receitas doces de compotas (feitas a partir da casca das pitayas BRS Granada e BRS Âmbar do Cerrado), cocadas (com o cladódio), mousses, cremes, pavês, iogurtes, bolos e sorvetes.
Já as receitas salgadas compreendem massas, refogados, risotos, tortas, nhoque e molhos, que segundo a bolsista são muito práticos. “O molho da pitaya pode ser usado em massas assim como o molho de tomate. A diferença é que você ajusta a acidez do molho de tomate com açúcar, e no caso do molho de pitaya é preciso usar um pouco de sal, vinagre ou limão para acentuar a acidez”, explica.
Entre as receitas de saladas, há opções tropicais e coloridas, combinando pitayas com folhosas e até castanhas. Também muito práticas são as receitas de sucos, que podem ser de frutas nativas com pitaya, tropicais e temperados. “Como a pitaya tem baixa acidez, precisamos misturá-la com outra fruta mais ácida, como maracujá, limão e abacaxi”, comenta.
Além dos sucos, o livro traz outras bebidas com pitaya: drinks, caipirinhas e licores. “Testamos as bebidas quando alguém fazia algum evento em casa e os drinks fizeram muito sucesso, como o Doce Mel, feito com a pitaya amarela (BRS Âmbar do Cerrado). No livro, todas as receitas foram feitas com água com gás, mas você pode adicionar uma bebida alcoólica, conforme as dicas”, diz Jamile.
Por fim, há um capítulo dedicado a receitas veganas de pães, iogurtes, shakes, chás, mousses, tortas e crepes. “Uma das formas mais fáceis de utilização são os chás, feitos com o pó da casca da pitaya”, aponta. “Estamos usando tudo da pitaya, desde o cladódio até a polpa e a casca, que é utilizada em vários momentos em receitas doces e nas receitas veganas para colorir massas e iogurtes, além de trazer cor e aroma aos chás”, finaliza.
Beleza das receitas retratadas nas fotos
Além do sabor e do aroma, as receitas apresentadas no livro também encantam pelo visual. A ex-bolsista e também editora da publicação Isabella Viana foi responsável pela produção de quase todas as fotos ilustrativas dos pratos e bebidas.
“Pensamos nesse livro porque sempre me perguntavam o que dava para fazer com a pitaya. E tem muita coisa! Temos agora a oportunidade de apresentar tudo isso ao público de forma gratuita. Fizemos muitas degustações até chegarmos a essas 200 receitas finais. A cada dia que eu tirava uma foto diferente, me apaixonava mais”, conta.
Os frutos fotografados por Isabella são provenientes dos experimentos conduzidos na Embrapa Cerrados com o apoio do técnico Geovane de Andrade. Ele lembra que por ser uma cultura pouco difundida no País, a equipe teve que aprender junto com alguns produtores e parceiros.
“E aí está mais uma cultura frutífera para a sociedade, como tantas outras tecnologias que a Embrapa tem de A a Z, não só em melhoramento genético mas no bom aproveitamento da biodiversidade brasileira. Quem está acompanhando o trabalho com o livro de receitas vai nos ajudar a difundir a cultura da pitaya Brasil afora”, diz Andrade.
Segundo Fábio Faleiro, a expectativa com a publicação é de não apenas estimular o consumo da pitaya pela sociedade, mas também atrair a atenção da agroindústria de alimentos, envolvendo o processamento da polpa. “Acreditamos que o desenvolvimento e o fortalecimento da cadeia produtiva da pitaya passa também pelo setor agroindustrial”, afirma.
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