O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),
autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e
ao Ministério do Turismo, retomou nesta semana a obra de restauração
do Theatro Sebastião Pompeu de Pina, localizado Rua Comendador
Joaquim Alves, no entorno da Igreja Matriz de Pirenópolis (GO). A
primeira etapa da revitalização foi iniciada em dezembro de 2019.
O
teatro faz parte do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico,
Paisagístico e Histórico da Cidade de Pirenópolis, tombado pelo
Iphan em 10 de janeiro de 1990. A última restauração do teatro foi
feita entre os anos de 1998 e 1999.
O
edifício é clássico e possui estilo híbrido luso-brasileiro, com
estrutura de madeira. Por conta disto, surgiram danos estruturais,
diagnosticados em 2019. Para conter os problemas, a Superintendência
do Iphan em Goiás promoveu uma ação de salvamento emergencial de
reestruturação do edifício como garantia da sua permanência
dentro do conjunto tombado de Pirenópolis.
Dentre
os serviços executados, destacam-se os serviços de retirada de
entulhos e materiais remanescentes com devida limpeza e desinfecção
dos ambientes. Também foram realizados serviços de reestruturação
da fachada frontal; remoção de esquadrias de madeira não originais
e serviços de recomposição dos vãos e esquadrias de madeira a
permanecerem. Foi executada, ainda, a retirada do lanternim do
telhado, visto que será instalado um sistema de climatização
fechado. A medida garante dispersão mínima da temperatura e menor
impacto visual nas fachadas do edifício assim como maior conforto
acústico ao Teatro.
A
expectativa é que a obra de 667,41 m² fique pronta em 11 meses.
“Concluídos os serviços, o prédio será um espaço de que
abrigará eventos culturais. Devolveremos à comunidade para que esta
possa utilizá-lo novamente”, ressalta o superintendente do
Iphan-GO, Allyson Cabral. A restauração do local conta com o
investimento de R$ 5.187.079,67 disponibilizado pelo Governo Federal.
Foram investidos R$ 2.160.301,38 na primeira etapa e R$ 3.026.778,29
na segunda.
Principais
Mudanças
Serão
implantados projetos de acessibilidade para as áreas comuns na
plateia, palco e sanitários térreos. Também serão instalados
equipamentos de combate a incêndio, como sinalizadores, extintores
de pó e outros exigidos pelo Corpo de Bombeiros. Será realizada,
ainda pintura anti-chama na madeira.
Na
estrutura interna do prédio, propõe-se o retorno do piso em
ladrilho de barro na área da plateia, a restauração e substituição
dos pisos do hall de entrada e do palco, assim
como a resolução dos problemas de água ascendente no edifício,
especialmente no subsolo. Na parte externa, será feita a manutenção
e resolvido os problemas estruturais da edificação.
O
Theatro Sebastião Pompeu de Pina
O
conjunto tombado de Pirenópolis foi constituído no ciclo do ouro no
Brasil, no século XVIII, com a ocupação realizada por bandeirantes
paulistas, a partir de 1727. O traçado urbano e as técnicas
construtivas do casario reproduziram algumas características do
urbanismo e das edificações de origem portuguesa. São elas: cidade
voltada para o rio, acompanhamento da topografia original do terreno,
uso dos recursos locais (quartzito, terra, madeira) nas construções.
As edificações são térreas, em sua grande maioria, e mantêm as
fachadas em alinhamento com o logradouro, cobertura em duas ou quatro
águas com caimento para rua, estrutura mista em gaiola de madeira e
alvenaria autoportante em terra (taipa de pilão, adobe e
pau-a-pique) além das esquadrias em madeira.
A
construção do Theatro Sebastião de Pina remonta ao final do século
XIX, quando Sebastião José de Siqueira doou um terreno a Sebastião
Pompeu de Pina, que construiu o teatro contando com o apoio da
comunidade local. O dinheiro para a construção do edifício
foi arrecadado por meio de leilões de alimentos, roupas, animais e
outros bens que os cidadãos da cidade doaram. A inauguração da
casa de espetáculos foi realizada em 1901, com a encenação da peça
"O Judeu", encenada por pirenopolinos, dando
início à fase áurea do Teatro, sendo mais de quarenta peças ali
encenadas.
Ao
longo do tempo, o sobrado erguido foi submetido a diversas
intervenções, inclusive alterando sua finalidade inicial. Funcionou
como cinema, bar, comércio, fábrica de móveis, dentre outras
utilizações. Em 1979, a Fundação Cultural do Estado de
Goiás comprou o prédio e o restaurou, restituindo o uso como
teatro. Em 1997, devido ao risco de desabamento, o teatro foi
interditado, iniciando-se um amplo trabalho de restauração a partir
de 1997, culminando na sua reinauguração em 1999.
Ao
longo dos seus 118 anos de existência, o edifício não sofreu
muitas mudanças quanto às suas características originais. Em 2019
apresentava graves problemas de conservação em sua estrutura,
recebendo ação restaurativa entre 2019 e 2021, que contemplou a
reestruturação da fachada frontal (leste) e de outros elementos
estruturais da gaiola de madeira, além de serviços de demolições
e construções.
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