A pandemia mudou a forma como muita gente se exercita. Com o suporte dos dispositivos wearables (as tecnologias vestíveis), o retorno às academias deve continuar sendo adiado. É o que indica a lista de tendências fitness para 2022 apurada pelo Colégio norte-americano de Medicina Esportiva (ACSM, na sigla em inglês).
De acordo com ranqueamento, as tecnologias vestíveis, academias em casa e exercícios ao ar livre estão no topo da lista de quem pretende praticar atividade física esse ano. Contudo, a nutricionista clínica e esportiva Maíra Azevedo alerta que a alimentação adequada é parte de uma rotina de hábitos saudáveis e que acompanhar o gasto calórico por aplicativos pode ter efeitos contrários.
Dieta e exercício sem supervisão, pode?
Na verdade, especialistas explicam que o acompanhamento de um profissional de educação física não se limita a ajudar a definir os melhores exercícios para cada biotipo e objetivo. Ele também é responsável por orientar durante a realização, corrigindo execuções inadequadas e reduzindo o risco de acidentes e danos a articulações como as da mão, por exemplo.
No entanto, na ausência dessa figura, a prática de atividade física por conta própria ainda é melhor do que o sedentarismo. Até certo ponto, o mesmo pode ser dito da alimentação. Embora regras básicas como optar pelo maior consumo de produtos naturais como legumes, verduras, folhagens e frutas sejam válidas, o acompanhamento profissional é importante para garantir que todos os nutrientes estejam presentes em quantidades adequadas.
Como explica a nutricionista Maíra Azevedo, mesmo que seja possível definir um padrão de grupos alimentares que devem fazer parte tanto do pré como do pós-treino ou da alimentação em geral, se pautar por dietas genéricas pode não ter efeito ou até trazer prejuízos para a saúde.
“As dietas de internet são dietas gerais, que não respeitam a individualidade. Sendo assim, a chance de a pessoa não conseguir ter constância e desistir ou de provocar alguma carência e deficiência de vitaminas e minerais é muito grande. Por isso, a dieta sempre precisa ser feita com o auxílio de uma nutricionista assim como o treino precisa ser feito com o auxílio de um profissional de educação física para não ter o risco de lesão”, completa.
Contando calorias
Outro fator importante diante da tendência crescendo no uso do smartwatch como companheiro de exercícios está na ilusão de controle sobre alimentos e suas quantidades. A nutricionista reforça que os dados exibidos pelo dispositivo nem sempre são suficientes para determinar o que cabe no consumo diário da pessoa. Com isso, o balanço entre queima e ingestão pode ficar comprometido.
“Essa questão de gasto e consumo é muito complexa. O fato de a pessoa fazer exercícios e gastar, por exemplo, 500 calorias, não significa que ela tem 500 calorias a mais para comer na alimentação. A queima de gordura vai muito além do fator “perda de calorias no exercício físico”. Então, às vezes, o fato de a pessoa ficar monitorando pelo smartwatch contribui para esse pensamento que acaba mais atrapalhando do que ajudando”, finaliza.