Henrique Gessil
O arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, criticou a tentativa do senador bolsonarista Luiz do Carmo (MDB-GO) de alterar o nome do Aeroporto Internacional Santa Genoveva para Iris Rezende. O senador, que é evangélico, diz ser uma homenagem ao ex-governador, morto no mês passado, “o maior político de Goiás”.
Se há quem critique Iris Rezende, são poucos, isso é fato. Iris foi, de fato, na avaliação do mundo político, o representante goiano de maior estatura nacional. Mas a maioria avalia, também, que há outras formas de homenagear o político, querido pelo povo e admirado por todos.
Além da enorme deselegância com a família de Altamiro de Moura Pacheco, a doadora da área onde foi construído o aeroporto, há, também, nas entrelinhas, um ataque à Igreja Católica. Evangélicos ignoram santos. Aprendi bem isso quando era obrigado por meus pais, ainda criança, a frequentar uma dessas igrejas. Luiz do Carmo não quer apenas homenagear Iris, mas, sim, tirar o nome da santa do local.
Em um vídeo divulgado ontem, Dom Washington relembrou, ainda, que uma das condições que a família Pacheco impôs ao estado ao doar a área era que o aeroporto se chamasse Santa Genoveva, homenagem à igreja e também à mãe do doador, Genoveva. “Todos sabemos que o doutor Altamiro de Moura Pacheco só faria a doação para a construção do aeroporto se ele se chamasse Santa Genoveva, para homenagear sua homônima mãe, além, é claro, de nos trazer à memória a cidade exuberante e charmosa onde o pai da aviação, Alberto Santos Dumont inaugurou o primeiro voo do planeta”, ressaltou o arcebispo. Santa Genoveva é a padroeira de Paris.
Assista ao vídeo completo aqui.
A afirmação foi confirmada pela família do doador, mas questionada pelo senador goiano. “Pedi documentos e não me apresentaram”, afirmou Luiz do Carmo, colocando em dúvida a palavra de Dom Washington. “Peço ao senhor governador Ronaldo Caiado, senadores e deputados federais que lutem para que o nome ‘Aeroporto Internacional Santa Genoveva’ permaneça inalterado” concluiu o arcebispo.
A palavra agora está, primeiro com a bancada federal goiana, e depois com a Câmara Federal. Veremos se os parlamentares preferem preservar ou apagar a história.